[Resenha] Direita, Esquerda, Volver, de Plínio Cabral

Para começo de conversa, queria pedir um milhão de desculpas pela demora. Fim de semestre na facul, provas e tudo mais. Vocês entendem, certo?

Hoje eu vim falar de um livro que eu acabei de ler por esses dias, e dificilmente alguém aqui já vai ter livro. Eu mesma jamais sonharia com a existência dele, se ele não estivesse na estante da minha avó, só esperando ser "roubado" por mim.


- Ficha técnica
Título original: Direita, Esquerda, Volver
País de origem: Brasil
Autor: Plínio Cabral
Editora: Círculo do Livro
Ano: 1983
Número de páginas: 172

Esse é mais um daqueles livros que eu li em busca de uma surpresa. Por quê? Porque é um daqueles que não tem sinopse na contracapa, não tem orelha, não tem nada que dê um indício do que se passa na estória. Mas foi uma grata surpresa.

São cinco personagens principais: Baltazar, O Velho Cigano Cabeção etc, Daniel, Felipe e Lívia. Os cinco estão internados em um manicômio por motivos completamente diferentes. Baltazar começou a representar um risco ao patrimônio da família; Daniel é um ex comunista que já esteve preso, meu chute é que ele enlouqueceu com a tortura, mas o que o livro nos dá é que ele morreu por dentro - várias vezes; Felipe rasgava as roupas e corria pelado quando ficava nervoso; e Lívia teve o filho levado pela polícia no meio da noite e nunca mais o viu, depois disso começou a vagar pelas delegacias perguntando por ele. O Cigano? O nome dele ninguém sabe, cada um chama de uma coisa, ele é a figura mais misteriosa, não tem história e é isso.

Todos representavam um problema para o sistema. Afinal, se você não reparou ainda na data da publicação, ele se passa durante o Regime Militar no Brasil. O livro é dividido em cinco capítulos: os quatro primeiros pertencem cada um a um personagem -  o único que não tem um é o Velho, que a gente só conhece pelos relatos dos outros - e têm uma parte narrada em terceira pessoa, e uma e primeira; e o quinto capítulo é o da fuga, todo narrado em terceira pessoa.

Sinceramente, o livro em si não tem nada demais. Mas eu achei a escrita muito boa. O estilo do autor é definitivamente o ponto alto, acompanhando a loucura de cada personagem, da forma como ele mesmo pensaria. Confesso que na parte da Lívia fica meio confuso pela ausência de parágrafos, mas faz tudo parte do perfil da personagem.

O ambiente dentro do manicômio também foi outra coisa muito interessante. Uma espécie de crítica. É como se fosse uma representação da vida do lado de fora, mas com a desculpa de que é uma casa de loucos, afinal de contas! E isso fica mais claro quando a direção avisa que vai haver uma eleição para escolher o presidente de cada ala. Na nossa, criam-se dois partidos: PQM (Partido Quero o Meu) e PTN (Partido é Tudo Nosso). Tem gente que escolhe um dos lados pela farra, tem quem acredite de verdade, e tem quem vá a cada momento onde é mais conveniente. Até que o diretor fecha os partidos e cancela as eleições. Cômico, não? Pois é, esse é só um exemplo.

Achei uma sátira muito boa e bem humorada da confusão que foi. E mesmo não sendo viciada em política, gostei bastante.

Página do Skoob.



2 comentários:

  1. Teve uma vez que também achei uma relíquia dessas aqui em casa
    Ate hoje não faço a mínima idéia de quem era o livro
    Mas a historia dele é tão boa e tem um ótimo fundo de moral
    E acho que também devemos pegar esses livros antigos para ler
    Assim como o seu, que tem uma grande riqueza cultural

    Beijos

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  2. Com o livro Feliz ano velho também aconteceu assim fui lendo devagar e quando dei por mim ja estava encantada com a história tanto que até decorei algumas partes e li e reli varias vezes, é muito bom quando essas adoráveis surpresas contecem, vc ja leu? ele é o meu xodó!!

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