[Resenha] O Enigma da Adormecida (Crônicas do Reino do Portal #1), de Simone O. Marques

Uau, o tempo tem passado tão rápido ultimamente que nosso cronograma está voando. Nem consigo acreditar que amanhã já é dia de Acompanhamento de novo e aqui estou eu, depois de um lapso, uma falta justificada (meu computador cor-de-rosa foi para o técnico moribundo e voltou ressuscitado) e uma comida de mosca, para comentarmos sobre mais um livrozinho.

Finalmente chegou a resenha do livro dessa terceira edição da Turnê Virtual: O Enigma da Adormecida, escrito pela Simone O. Marques. Não que tenha demorado tanto, eu simplesmente gosto de fazer de uma vez tudo com o que me comprometo, demora me irrita.


Dessa vez eu não posso usar a minha clássica desculpa de que não me interessei pelo livro a princípio, porque essa edição do projeto teve uma pequena alteração e eu tive a oportunidade de dar uma olhada na degustação (que vocês podem ver também aqui) antes de confirmar a minha participação.

Na verdade, o que me atrasou mesmo na leitura do livro não tem nada a ver com o livro em si, e sim com o fato de que - diferente das outras vezes, em que eu tive a sorte de conseguir promoções e baixar os livros em edição Kindle - dessa vez eu li em pdf. Senti muita falta de que as páginas se adaptassem ao tamanho da minha tela, de poder ajustar a letra e também das minhas queridas marcações e comentários durante a leitura. Ler no celular em pdf é mais trabalhoso, porque você precisa dar zoom e ficar rolando a tela para lá e para cá, e é no celular que eu leio a maior parte dos ebooks. Mas isso não é uma reclamação, e sim uma justificativa, e é melhor a gente ir ao que interessa logo de uma vez.

O Enigma da Adormecida [skoob] é o primeiro livro da série de fantasia Crônicas do Reino do Portal, da autora nacional Simone O. Marques (vocês podem conhecer um pouco mais sobre ela aqui no post de apresentação da edição).

A obra conta a história de oito jovens adultos (quatro meninos e quatro meninas) que um belo dia acordam trancados dentro de um celeiro em um lugar que nenhum deles conhece - ou pelo menos sete deles acordam. É daí que vem o título, já que uma das meninas (que eles apelidam de Bela Adormecida), continua inexplicavelmente adormecida.

Logo que eles despertam, duas figuras suspeitas colocam fogo na construção e eles fogem, confirmando que estão em um lugar completamente desconhecido, só não sabem ainda como esse lugar pode ser estranho. A partir daí, começa a se desenvolver uma história cheia de magia e criaturas fantásticas.

Achei a premissa bem interessante, mas o ponto principal para mim foi a escrita da autora, que me agradou bastante. Uma coisa que eu achei legal e bastante diferente dos livros anteriores que li para o projeto foi que não tivemos uma introdução dos personagens no mundo real antes de começar a fantasia - já conhecemos eles em uma situação bizarra, e o pouco que temos contato com a realidade anterior é o que eles mesmos contam. Isso faz com que o leitor se sinta um pouco parte da história também, como um "nono" personagem.

A narrativa é em terceira pessoa, alternando os pontos de vista entre todos os personagens sem marcação de transição, recurso que nas mãos erradas pode deixar tudo um pouco confuso, mas foi muito bem usado pela autora para nos colocar na mente de todos os personagens em todas as situações.

A magia é apresentada no livro de uma forma relativamente sutil. Só mais para o final nos deparamos com ela de forma mais explícita, assim como as criaturas fantásticas. Um único ponto que me incomodou nessa área foi que eu achei que faltou uma explicação maior da trama e da atuação do "Cosmo" nisso tudo. Ficou um pouco abstrato demais para a minha cabeça, mas ainda tenho esperança que isso possa ser melhor explicado em algum outro livro da série.

A ação também não é o ponto mais explorado do livro, apesar de haver algumas batalhas descritas de forma bem interessante, mas que não me arrepiaram os cabelos. Acho que o enfoque foi outro, o que não deixa de ser uma característica interessante.

Todos os personagens possuem características próprias e são bem distintos entre si. Eles não têm um nível de profundidade muito grande, mas têm características próprias bem marcantes, o que dificulta que o leitor se confunde com a grande quantidade (não é qualquer livro que tem simplesmente oito protagonistas, alguns sacrifícios precisam ser feitos). Temos ainda um possível futuro-casal um tanto estereotipado (a feminista x o machista), mas como nada se concretizou até agora, ainda podemos ter surpresas pela frente.

De longe, a figura que mais me irritou foi a Mônica, que quer sempre impor a sua vontade e é muito agressiva e mal humorada. Entretanto, fiquei com a impressão de que nem tudo pode ser como parece e realmente iria adorar se tivéssemos uma reviravolta nesse ponto também. Talvez ela esteja certa, afinal. No extremo oposto, gostei muito da Zin e mais ainda da Luri - tenho uma queda por personagens fofos.

Outro ponto bem interessante é que eu fiz alguns paralelos entre elementos da história e outras obras de ficção. Se eu pudesse chutar, arriscaria que a autora é fã de Tolkien, não pelo fato óbvio de ele ser uma das maiores referências do gênero, mas pela figura do Mago com um cajado luminescente e pela jornada pelo bosque, que me lembrou um pouco uma parte de "O Hobbit".

Achei bacana o fato de que esse livro pendeu muito mais para a literatura fantástica clássica (tolkiniana) do que qualquer outro nacional que eu já tenha lido na minha parca experiência. Gostei muito de me deparar com uma obra nacional que, mesmo ainda dentro do gênero fantasia, explore essa linha.

"O cansaço dominou a todos e, diferente da noite anterior, estavam aquecidos, alimentados e protegidos dentro do castelo. O som que ouviam era apenas o do estalar da lenha nas lareiras. Do lado de fora a neblina parecia encerrá-los dentro daqueles muros, aprisionando-os, forçando-os a dividirem o espaço, a lutarem com seus egos, limites e monstros internos..." pp. 83


Título original: O Enigma da Adormecida
Autora: Simone O. Marques
País de origem: Brasil
Editora: Literata
Ano: 2013
Páginas: 296

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