[Resenha] Presentes da Vida, de Emily Giffin


ATENÇÃO: se você não leu “O Noivo da Minha Melhor Amiga”, quer ler, e não gosta de spoilers bem grandes, essa resenha pode não ser aconselhável para você.



"Mas aconteceu uma coisa que me fez questionar tudo o que pensava sobre o mundo: Rachel, minha madrinha sem graça, com cabelo ondulado cor de germe de trigo, colocou as mangas de fora e roubou meu noivo"


Presentes da vida é um chick lit da autora Emily Giffin (que estará dando autógrafos dia 31/08 na Bienal do Rio, no stand da Editora Novo Conceito!). Esse livro é uma continuação de outro livro da autora, O Noivo da Minha Melhor Amiga, e é melhor lido em sequência deste (não necessariamente imediatamente depois, ok?), apesar de ser uma história autônoma, o que permite a leitura independente. 

Os acontecimentos essenciais do livro anterior são citados, para permitir a leitura de PdV a qualquer um. Apesar disso, se você quer ler o anterior sem nenhum spoiler, aconselho que respeite a ordem cronológica da coisa.

Enquanto o primeiro livro é narrado e conta a história de Rachel, que às vésperas do casamento da melhor amiga de infância, Darcy, começa a ter um caso com o noivo dela, Dex; a sequência retoma a narrativa do ponto de onde “O Noivo da Minha Melhor Amiga” parou (Dex termina o noivado com Darcy para ficar com Rachel, e essa se descobre grávida do amigo e ex-padrinho do ex-noivo) e conta as coisas do ponto de vista de Darcy.

Primeiro ela relembra as coisas desde o começo do seu caso com Marcus, passando pela descoberta final do caso da melhor amiga com o noivo até, finalmente, chegar ao “começo da história” em si. A partir daí, a Darcy fútil e egoísta continua o romance com o pai do seu neném até que o relacionamento termina e, tendo brigado com a família e sem estar falando com a melhor amiga, a moça se vê com trinta anos, grávida, solteira, e completamente sozinha no mundo.

Resolve, então, glamurosamente largar tudo e se mudar para Londres para morar com Ethan, seu amigo dos tempos de escola (que nós já conhecemos no outro livro). Chegando lá, nada muda na personalidade (extremamente irritante) de Darcy até que, depois de gastar quase toda a sua poupança com roupas, ela leva um choque de realidade e se dá conta de que precisa mudar e tomar um rumo na vida.

Como eu disse, a história é contada em primeira pessoa pela Darcy, o que ajuda a aproximar o leitor da narrativa; mas, ainda assim, até mais da metade do livro eu não consegui me conectar muito bem, simplesmente porque desde a leitura do livro anterior eu já tinha a “impressão” de que a Darcy era um dos seres mais irritantes que já habitou essa terra literária, e essa visão continuou (sem que houvesse nenhum motivo para que eu mudasse de ideia) até aproximadamente a página 200.

Vamos combinar que 200 páginas são muita coisa, e não é qualquer um que aguenta tanto tempo com uma personagem irritante sem esperança de salvação. E isso é um ponto negativo do livro.

Contudo, se você resistir a essa provação (que, em certa medida, é necessária – ainda que exagerada), eu garanto que as coisas melhoram e dá até para se afeiçoar à personagem (se você for coração mole como eu).

Eu acho a escrita da Emily bem fluída. Esse é um daqueles livros que, mesmo com suas 383 páginas, pode ser lido todo em um dia – você pisca, e cem páginas já se foram. A narrativa é bem leve e com certeza distrai. Ao meu ver, esses são os requisitos de um bom chick lit, e foram bem cumpridos pela autora.

Apesar disso, enquanto eu lia, conversei com uma amiga que já tinha lido “Presentes da Vida” e ela me falou que não gosta da Emily porque acha que a autora enrola muito. A Vanessa (essa amiga com quem eu conversei) me falou que prefere o Nicholas Sparks que, apesar de muito críticado, é mais conciso e “vai direto ao ponto”. Sinceramente, eu não gosto muito do Sparks, e um dos motivos é que eu acho as histórias dele um pouco corridas e mal desenvolvidas; ou seja, o gosto do leitor também influi na leitura e na opinião sobre um livro (grande novidade). Só preciso ressaltar que essa comparação é ilustrativa, e que eu sei que os dois autores escrevem gêneros diferentes de livros (ele – drama; ela – chick lit) – e, sim, você pode gostar dos dois e ninguém tem nada com isso.

Olhando para os personagens, eu gostei de todos (criticamente falando). Nenhum deles tinha uma profundidade absurda (a Darcy, por motivos óbvios, foi a mais aprofundada), mas todos eram críveis. Focando nos principais: gostei bastante do Ethan (convenhamos, ele foi feito para ser amado – totalmente fofo, carinhoso, delicado e adorável) e tive uma relação de amor/ódio com a Darcy, mas a impressão final que ficou dela foi positiva (o ditado “a primeira impressão é a que fica” não é assim tão verdadeiro).

Minha opinião final sobre o livro foi boa; no fim das contas, me deixou com aquele gostinho doce na boca que é tudo o que buscamos em uma boa história romântica. Se você gosta de chick lit e ainda não leu esse, fica a minha recomendação.

"Eu sorri. Poderia não ter sido o melhor Dia de Ação de Graças do Ethan, mas eu estava certa de que aquele dia tinha me feito ganhar algumas semanas a mais em Londres. Ele ainda não me mandaria embora para casa."

Título original: Something Blue
Autor: Emily Giffin
Editora: Novo Conceito
Ano: 2005
Páginas: 383

Um comentário:

  1. Engraçado, sempre achei que era Emily GRIFFIN, aheuhae. Sei lá pq!

    Personagens feitos para serem amados são muito legais ♥ A gente se apaixona e não tem quem tire isso da gente, né? Hehehehe. Eu quero ler livros dela, mas minha primeira experiência com chick-lit (no caso foi Sophie Kinsella) foi péssima. Fiquei com pé atrás, mas darei outra chance. Quem sabe Presentes da Vida seja o primeiro :)

    Beijo!!!!

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