[Resenha] A Idade dos Milagres, de Karen Thompson Walker

Hoje é quinta-feira, e quintas agora são meus dias mais aguardados da semana! Adoro postar resenhas aqui, e o escolhido da vez será uma presença ilustre no nosso blog. Espero que gostem!


- Ficha técnica
Título original: The Age of Miracles
País de origem: Estados Unidos
Autor(a): Karen Thompson Walker
Editora: Paralela
Ano: 2012
Número de páginas: 208
Leia a sinopse do livro aqui.
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A Idade dos Milagres é um drama de ficção científica da autora norte-americana estreante Karen Thompson Walker, publicado no Brasil pela editora Paralela.

Conta a história de Julia, uma menina de 11 anos tímida e excluída, a partir do dia em que os jornais anunciam que a Terra está girando mais devagar. Isso mesmo, a cada dia os dias e noites ficam mais longos.

Fora as conseqüências óbvias dessa desaceleração progressiva de que ninguém sabe a causa, ela afeta a vida de todos de diversas outras formas. Famílias se mudam em pânico, todos começam a comprar estufas para cultivar alimentos e a camada de ozônio vai se enfraquecendo, o que impede as pessoas de saírem durante o dia.

No meio disso tudo, nossa protagonista passa por diversas fazes normais da vida de uma garota. A puberdade, a perda da melhor amiga, crises na família e o primeiro amor. E é isso que eu achei mais interessante sobre esse livro: apesar de tudo o que está acontecendo, o foco principal é na vida de Julia, mostrando que a vida segue mesmo quando o mundo ameaça parar de girar.

É um contexto incomum para uma história absolutamente comum, que poderia acontecer com qualquer um de nós. Somado ao fato de que o livro é narrado em primeira pessoa pela própria Julia (dez anos após os acontecimentos), isso cria uma identificação absurda com tudo o que está acontecendo ali, sem cair no ordinário. E o livro é doce, tão doce! No melhor sentido possível da expressão.

É por isso que eu não classifico esse romance como “ficção científica”, porque mais importante que o fim do mundo é o fim de uma fase da vida de Julia, que está saindo da infância para começar a encarar o mundo real. E isso pode ser um problema para quem está procurando um livro de ficção científica.

Enquanto pesquisava por aí, vi bastante gente (a maioria em comentários feitos por pessoas que não tinham lido o livro) dizer que teve a impressão de que o livro é meio filosófico. Ler resenhas sobre ele realmente dá essa sensação, e talvez essa minha também dê. Mas não foi essa a sensação que me passou, não mesmo. Filosófico não é o termo certo – o bom mesmo é falar em introspectivo, reflexivo, isso esse livro é bastante.

Todos os personagens são bastante críveis e bem desenvolvidos. Ninguém na história é perfeito, e é um alívio absurdo constatar isso, principalmente em uma época em que mocinhos costumam ser perfeitos até nos defeitos. A Julia é realmente apaixonante – e a minha vontade foi pegá-la no colo e dizer que todo mundo já passou por isso na vida (e vocês podem imaginar que eu não estou falando da desaceleração).

Para completar, a autora trouxe também alguns alertas muito importantes sobre a questão ambiental, chamando a atenção para o fato de que nós não andamos cuidando muito bem do nosso planeta e que um dia isso pode ter consequências graves. Não deixou também de frisar outros problemas importantes da nossa sociedade atual: a discriminação com aquilo que é diferente e o bullying.

A edição é extremamente simples, mas não deixa muito a desejar; as páginas são amareladas, mas achei as margens um pouco pequenas e a letra também poderia ser ligeiramente maior. A capa é linda (e com detalhes tão interessantes ao tato e efeitos muito legais no escuro) que valeria a pena só para ter na estante.

Finalmente, acho que a tacada final para matar a pau foi o título: a ambigüidade perfeita entre o que acontece com o planeta e o que acontece na vida da protagonista (principalmente o título em inglês, já que age também pode ser traduzido como “era”).

Esse foi definitivamente um dos presentes de amigo oculto mais bem escolhidos da minha vida. Uma leitura muito rápida e agradável, mas que ainda assim levanta questões e alertas muito importantes, além de deixar um gosto doce na boca. E quem leu até aqui já deve ter percebido que eu recomendo.

Não percebemos logo de cara.
No começo, não notamos o tempo extra despontando nos contornos suaves de cada dia como um tumor crescendo sob a pele.
Nessa época, o clima e a guerra distraiam nossa atenção. A rotação do planeta não nos interessava. Bombas continuavam a explodir nas ruas de países distantes. Furacões chegavam e passavam. O verão terminava. Um novo ano letivo começava. Os relógios tiquetaqueavam como sempre. Segundos pingando para formar minutos. Minutos se somando em horas. E não havia nada que sugerisse que essas horas, por sua vez, não estivessem mais se agrupando em dias com a duração fixa conhecida de todos os seres humanos. - página 9.


Queridos, quis testar algo novo nesse post e coloquei algumas fotos do livro para vocês poderem dar uma olhada na edição e avaliarem por si mesmos, mas fiquei um pouco incerta sobre se as fotos nessa posição atrapalham a leitura ou não. O que vocês acham?

4 comentários:

  1. Oi!
    Já li algumas resenhas sobre o livro e lembro que gostei muito. Achei a trama criada pela autora bem legal e realmente, o livro aparenta ser uma leitura filosófica. Fico feliz em saber que na verdade ele é mais reflexivo. Gostaria de poder lê-lo quando tiver oportunidade, deve ser ótimo. E as fotos não atrapalhou em nada, pelo menos para mim, rs.

    Beijos, Leitura da Vez!

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  2. Nossa, que legal! Nunca tinha ouvido falar sobre esse livro, mas achei a proposta dele muito diferente de tudo o que eu já li!
    O fato de falar mais da menina do que do problema em si, me fez ficar mais curiosa ainda pra ver como cada coisa se encaixou na história...
    Gostei mesmo, e parabéns pela resenha!
    Beijão,

    http://missthay.blogspot.com.br/

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  3. a temática e a própria história me pareceram muito interessantes...pena não poder comprar livros por enquanto. :T

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  4. Oi flor!

    Peguei esse livro na mão algumas vezes, achei bem interessante. Gosto dessa coisa introspectiva, bem reflexiva. Vou atrás dele em breve :P

    BTW, ponha fotos sim! Elas só colaboram ;)

    Beijos,

    Raquel
    www.pipocamusical.com.br

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