[Resenha] Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley

"Como há aqui seres encantadores! Como é bela a humanidade! Oh, admirável mundo novo, que encerra criaturas tais!"
A Tempestade, V, 1 - William Shakespeare

- Ficha técnica
Título original: Brave new world
País de origem: Reino Unido
Autor: Aldous Huxley
Editora: Globo de Bolso
Ano: 1932
Número de páginas: 397

Eu tenho vontade de ler esse livro, sinceramente, deve ter uns seis ou sete anos. Desde que eu curtia Pitty e era uma adolescente sem cérebro próprio. Mas nunca tinha encontrado para comprar, por mais que eu procurasse. Acabei deixando pra lá, até que, passeando na FNAC com o meu namorado um dia no ano passado, dei de cara com ele na prateleira. Comprei.

Sabia que era um livro futurista, no estilo 1984, e como já tinha lido e amado esse, pensei que ia gostar da visão do Huxley também. Calma, gente, eu gostei! Na verdade, a história do George Orwell, apesar de contexto ser importantíssimo, é focada na experiência daqueles personagens principais. Nessa outra, apesar de ter personagens principais como qualquer livro, o destaque vai para o contexto. Por isso que acho que Admirável Mundo Novo, na minha humilde opinião, ganha de 1984

Para dar um exemplo, a gente chega ao fim do segundo capítulo sem conhecer nenhum personagem mais a fundo do que um nível extremamente superficial. Mas logo fica muito claro o motivo: eles só têm esse nível. E não é por "defeito de fabricação" do autor, é porque é assim que as coisas são, nesse admirável mundo novo.

No prefácio do autor, ele diz que imaginou um livro como um futuro que aconteceria uns 600 anos depois da época em que foi escrito (apesar dele mesmo dizer que, do jeito como as coisas andavam, poderia ocorrer uns 100 anos depois). Nesse mundo não existe mais família. Mãe, chega a ser palavrão e a reprodução vivípara foi completamente extinta nos povos civilizados. As crianças são "feitas" em laboratórios e crescem sendo "condicionados" através de hipnopedia.

Hipnopedia é um método de "aprendizado" que ocorre durante o sono, através de sons. É uma espécie de aprendizado inconsciente, que só funciona eficazmente com ensinamentos morais. É assim que eles criam as crianças, incutindo em suas mentes desde pequenas os pensamentos e os comportamentos que vão ter pelo resto da vida.

A sociedade também é dividida em castas, de acordo com o trabalho realizado. Enquanto as crianças são feitas, os embriões são submetidos a diferentes condições, para que a pessoa já nasça adequada ao seu destino. As classes mais baixas são produzidas em série, com um número de gêmeos exatamente iguais que podem chegar a 86. Essas classes (Ípsilons, Deltas e Gamas) tem a capacidade mental extremamente reduzida, e são fisicamente deficientes.

As castas superiores (Alfas e Betas) são as mais inteligentes, fisicamente perfeitas, cada exemplar é único. Eles trabalham nos cargos mais refinados.

Cada classe é condicionada de um jeito diferente, e veste-se apenas de uma determinada cor. Todos são totalmente adestrados para serem perfeitamente felizes e satisfeitos com seus lugares no mundo. E, principalmente, para não pensarem. Mesmo os Alfas e os Betas só pensam dentro do permitido. Todos gostam de esportes, a liberdade sexual é total e pertencer a uma pessoa só é visto como "pouco sociável". Não existe amor, não existem laços entre as pessoas. Todos são felizes o tempo todo e, nos poucos momentos de aborrecimento, tudo pode ser resolvido com um pouco de soma, que é a droga permitida e incentivada  para manter todos sob controle.

Ao passar da trama, alguns personagens se destacam: Bernard Marx, Lenina Crowne, Helmholtz Watson e John Selvagem. Sim, o nome dele é "John Selvagem". Isso porque ele nasceu de maneira vivípara de uma mulher Beta quando ela acabou se perdendo e ficando presa em uma reserva de selvagens. Como ele não foi condicionado como todas as pessoas civilizadas, é muito interessante vê-lo em contato com esse admirável mundo novo. Esse é basicamente o objetivo da estória.

Pessoalmente, não gosto muito do John. Imagino que a situação dele seja muito difícil, mas ainda assim não simpatizo com ele. Meu favorito é mesmo o Helmhotz, que de todos esses é o mais secundário, mas também o mais legal.

Acho que esse é um livro que todos deveriam ler, porque além de ser uma obra de arte, dá uma chance de raciocinar e fazer alguns paralelos bem legais com o que a gente vive hoje em dia. Faz a gente pensar para que caminho nós estamos indo.

Ah, e só a título de curiosidade. É engraçado de ver que, no meio de tantas invenções e coisas futuristas, não existe celular. Uma coisa que parece tão óbvia para nós hoje em dia como a ideia de um telefone móvel, aparentemente não passou na cabeça de Huxley naquela época.


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¹Para um dos próximos posts estou planejando um paralelo comparatido entre Admirável mundo novo e 1984. Não percam!

2 comentários:

  1. Clássico, acho que todo mundo precisava ler viu.

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  2. Bem legal a questão do celular. rs. Ele realmente não tinha como imaginar, né? Mas então, nunca li, apesar de sempre ter ouvido falar muito bem do livro. Não sei se foi vc, mas alguém até comentou sobre ele comigo lá no blog esses dias... Com certeza vai entrar para a lista de desejados.

    Bjs,
    Kel - It Cultura
    www.itcultura.com

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