[Resenha] Minha vida como Gueixa - A verdadeira história de Mineko Iwasaki, de Mineko Iwasaki

- Ficha técnica
Título original: Geisha, a life
País de origem: EUA
Autor(a): Mineko Iwasaki e Rande Brown
Editora: JBC
Ano: 2002
Número de páginas: 284
Skoob

Esse livro conta a história da gueixa Mineko Iwasaki, uma das gueixas mais famosas do Japão. Ele foi escrito por ela mesma, com a ajuda da jornalista americana Rande Brown, e poderia muito bem nunca ter existido se não fosse a prepotência norte-americana.

Acontece que Mineko foi uma das gueixas entrevistadas para a composição do livro Memórias de uma gueixa. Para concordar em conceder a entrevista, foi acordado que a identidade da ex-gueixa seria mantida em sigilo, o que não aconteceu.

Além disso, Arthur Golden (o autor de Memórias...) deturpou completamente as práticas do mundo das gueixa, transformando-as praticamente em prostitutas de luxo. Isso fica bem claro na parte em que ele descreve o ritual do mizuage como uma espécie de "venda da virgindade". Esse ritual realmente existe, mas pertence às oiran (cortesãs de luxo). O ritual das gueixas que recebe o mesmo nome é um ritual de saída da infância, como uma festa de debutante, com direito a mudança de corte de cabelo e distribuição de presentes, mas que definitivamente não tem nada a ver com vender o corpo.

Só isso já dá o tom da distinção, mas agora vou me focar realmente no livro que li.

Mineko conta toda a sua história, desde que decidiu sair da casa dos pais, aos cinco anos de idade, e ir morar em uma okyia por livre e espontânea vontade. Começou então seu treinamento, e desde cedo ela viu o quão dura era a vida de uma gueixa.

Gueixas são artistas, elas cantam, dançam e tocam instrumentos. E o treinamento para se tornar uma delas, entre aulas e treinos, é realmente muito duro, apesar de muito lucrativo. Foi isso que levou à sua aposentadoria precoce, aos 29 anos de idade.

O relato de Mineko é bem detalhado e dá uma boa ideia de como é a vida dentro de uma okyia. Eu aprendi diversas coisas que jamais havia imaginado, e confesso que fiquei encantada por essa história toda. O livro também traz diversas fotos dela em diversos momentos da vida, com várias pessoas que fizeram parte da sua história, o que eu achei fantástico.

A diagramação do livro é simples ao extremo. O livro não tem nem mesmo orelhas, e a única distração das páginas brancas são as fotos que aparecem quase sempre ao fim dos capítulos.

Se você tem vontade de ler Memórias de uma gueixa, como eu tinha, aconselho que reconsidere a escolha e leia Minha vida como gueixa primeiro. Ainda tenho curiosidade de ler o outro, mas bem consciente de que grande parte daquilo não é verdade.